sábado, 29 de dezembro de 2012

Faxina

Olá, amiguinhos.

Agora que a titia Heleninha arrumou um emprego (aleluia, exú tranca salário saiu de sua vida), titia Paola está no ócio, e são nessas horas que começamos a caçar coisas para fazer.
Depois de ter visto vários seriados essa semana, de já ter percorrido os 4 cantos da internet, e ter lido um livro inteiro, decidi que era hora de mexer no meu 'lixo' virtual.

Nessas reviradas entre fotos, e emails antigos, achei o meu velho blog, e nele um diálogo que, puta que me pariu, eu não poderia deixar de colocar aqui. Apesar desse episódio ter acontecido em 2009, se não me engano, continua atual como nunca, resumindo bem a minha vida amorosa. rsrs. (são diálogos com a mesma pessoa - um ex amiguinho in colors). Segue:

Diálogo número 1:



- E aí Paola, oq vc está fazendo ?
-Nada, e vc?
-Também nada.. Quer vir aqui pra casa?
-Ah, não sei.. fazer o que ?
-Tomar um vinho, sei lá... 
-Ahh, tá bom, mas como eu vou?
-Vou te buscar... ou não.
-Ou não?
-Ahhh.. to com preguiça... 

Puta que me pariu!!! Tô com preguiça? Meu cu! Pra que convida então? Gente, eu não entendo isso, por que vem convidar? Me deixa aqui quieta, karalhoo.


Diálogo número 2: 

-Olá, Paola
-Olá :)

-Voltei pra academia...
-Hmm, que legal hem.. vai virar um touro.
-Touro não pq tem chifres né..
-Ha ha hem, hilária essa.. Bozo mandou lembranças..
- :p
-Eu é que estou precisando emagrecer.
-Se vc emagrecer eu caso com você.


Gente!! SE você emagrecer.. isso quer dizer o que ? Que eu não mereço ser feliz por que não estou magra.. 
Tipo, gordas não merecem se casar, né? 



                                                                    P.O.R.R.A


Paola.


PS: Os comentários abaixo dos diálogos foram feitos por mim na época.
PS2: Preguiça de comentá-los hoje, apenas me reservo o direito de mandar.tomar.no.cu.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Karma is a bitch!

Olá, amiguinhos.

Não quero aqui escrever uma retrospectiva de 2012, até porque acho essas coisas de escrever retrospectivas e de dizer que o próximo ano será diferenZzzZz bem imbecil e me deixam deveras com preguiça.
Mas estou aqui a fim de escrever porque estou com ganas disso, urge em mim este desejo, e não tenho mais nada para escrever se não sobre meus últimos acontecimentos.

Este ano terminei um relacionamento (bem conturbado, diga-se de passagem - também vou escrever sobre ele mais pra frente) e, logo em seguida, engatei outro. Foi bom para mim, e para mim apenas. Explico.

O sujeito que conheci aparentemente caiu de amores por mim, mas eu estava naquela fase chororô/bebendoeternamenteparatentaresquecer e, por óbvio, jamais pensaria em engatar algo sério logo em seguida. E então o sujeito se rastejou, se humilhou, e suplicou pelo meu amor por várias e várias vezes, e eu, implacável - coração gelado faz aqui um discípulo. O problema deste sujeito, além das dorgas, obviamente, era que ele criava situações dramáticas, hipérboles sentimentais, e atos que deixariam as epopeias de Homero com inveja. E sério, eu não tinha saco para isso no momento. Estava demasiadamente preocupada em viver minha vida (a.k.a estudar pra caralho pra uma prova), que nem me dei conta de que, talvez, eu estivesse fazendo tudo errado nesta seara da minha vida.

Fui negligente, confesso. Deixei as coisas tomarem proporções gigantescas que poderiam ser evitadas se eu conseguisse ficar a porra do período sozinha. Mas não, ficar sozinha é difícil demais, cuidar de si mesma sozinha é uma tarefa das mais ingratas e difíceis, e eu, não sendo exceção à regra, não consegui. Foi então que fui me afundando e deixando a coisa chegar em uma situação tão bizarra que o sujeito se achava 'dono' de mim. O que fazer então, pensou a gélida Paola? Claro, a melhor solução é cortar, cortar pela raiz, cortar como se nunca houvesse acontecido nada entre os 2 seres. E foi isso o que eu fiz, sem remorsos, sem choros (de minha parte), sem culpa.

E agora amiguinhos, vejo por aquele site de relacionamentos que o sujeito engatou um relacionamento sério com uma pessoa que, segundo ele, sempre foi apaixonada por ele, mas que ele desprezava porque ela.não.era.bonita (sic). Creio que aqui caibam estrondosas risadas, sinta-se à vontade, caro leitor.

Pois é, e quem conhece a história e seus personagens sabe que ele não é das belezas mais universais, enfim. Isso não entra aqui. O fato é que tudo isso me fez pensar bastante. Além dos meus risos internos de na minha imaginação confrontá-lo com um "E aí? A fulana não era feia pra você?", me fez pensar bastante também no fato de que isso é horrível, é uma atitude muito mesquinha de minha parte. Veja bem, se fosse um sujeito que não tivesse nenhum tipo de sentimento por mim, ou que quisesse só passar o tempo, tudo bem, o problema é quando sentimentos são envolvidos.

E agora que o vejo, aparentemente bem, não sei dizer exatamente se, ou porquê, isso me incomoda. Não é um me incomodar com a felicidade dele, é um me incomodar com o 'he moved on' e você ainda está aí, nessa mesma situação. Semi alcólatra, obesa, sem prospectos de relacionamentos no mínimo felizes.

É reclamar de barriga cheia? Talvez seja. Mas uma coisa é certa:

Karma is a bitch, e ela voltará para te pegar.


Um beijo,

Paola.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O ratinho da minha infância.

Hoje eu fui às Lojas Americanas, na parte de CDs e encontrei um com histórias da Gata Borralheira. Lembrei-me dos tempos de menina. Eu tinha um CD de história de João e Maria. Em uma determinada parte, quando a Bruxa os prendia (para engordá-los no intuito de comê-los depois), eles choraram. Então aparecia um ratinho que dizia irritante e repetidamente: "chorar não adianta, é preciso agir".

Quando comecei meu processo de reconstrução, no fim de 2008, chorei por muito tempo, até começo de 2010. Foi então que me lembrei desse ratinho e comecei agir. Conforme disse no post anterior, a fase do choro é aquela que a gente se encolhe no fundo do mar, a fim de tomar impulso para voltar à superfície. Quando a onda passa e você consegue ver o sol, é hora de emergir.

A fase do choro passou, agora sinto que nado em direção à superfície. Meus braços e pernas estão quase sem forças, o ar me falta. Cada hora que passa tudo se torna mais difícil, entretanto, o sol fica mais tangível – única razão para continuar. Ainda que difícil, só consigo nadar assim porque soltei os grilhões que me prendiam.

A liberdade que eu conquistei tem um valor inenarrável. Saber que posso fazer o que eu quiser, sem culpa e sem ser castigada pelas leis superegóicas do inconsciente e da religião. Apesar de sentir que pecado, punição e inferno são ainda muito presentes em mim, feito gado marcado com ferrete. É o que faz eu manter minha integridade física. Só então vejo que o que me torturou por tantos anos, é o que me mantém neste mundo; é como uma espécie de reciclagem do lixo psíquico. No fim, somos obrigados a amar algo na vida para permanecer nela.

Heleninha.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sobre sutiãs e outras histórias.

Assumir é sempre o primeiro passo. Tá certo que algumas coisas são vergonhosas demais para assumir publicamente, mas assumir pra si mesmo e aceitar algumas limitações é essencial.

Essa é mais uma das teorias que criei no verão de 2008, quando me isolei da sociedade por dois meses em uma cidade no interior do interior do Paraná. Pra dizer bem a verdade, não é nem cidade, é distrito, mas isso não vem ao caso agora. Nesta época, iniciei um processo de reconstrução do ego que acredito ter encerrado há poucos meses.

Engraçado que só saímos do comodismo quando tomamos uma facada da vida. Há quatro anos, em novembro de 2008, tomei o que considero os dois golpes mais violentos até hoje: o término de um relacionamento de dois anos e meio e minha mãe me mandando embora de casa porque achou uma cueca usada no carro (que na verdade era uma calcinha de uma amiga que tinha tomado banho na minha casa, mas minha mãe achou que era cueca). Hoje as histórias são de rir, mas na época eu não soube como lidar com tudo isso. Resolvi que não podia mais ficar em Campo Grande, precisava de paz, calma e tempo. Quando a vida te dá um caldo, o melhor a fazer é ficar quietinha, esperar chegar ao fundo do mar (até pisar na areia), esperar a onda passar e só depois tomar impulso para voltar à superfície. Foi isso que eu fiz. Sem internet, celular ou qualquer outro tipo de comunicação, entrei em mim. Horas e mais horas de meditação no único banco da praça. Tudo o que eu conhecia estava prestes a mudar completamente e eu preocupada com meu noivado que havia fracassado. A vida é deveras engraçada.

Nesses dois meses de reclusão, consegui me olhar no espelho a primeira vez desde junho de 2006. Assustei ao ver como eu tinha engordado e envelhecido, estava em uma situação deplorável. Eu me enxerguei, pela primeira vez, depois de dois anos e meio. Eu me toquei, pela primeira vez, em dois anos e meio. Eu me senti viva pela primeira vez desde que me entendo por gente.

Voltei forte, cheia de mim, com energia para recomeçar. Tudo isso durou só até eu pisar na rodoviária de Campo Grande. Chegando aqui, meu mundo desabou de novo, deparei-me com minha mãe louquíssima do cu me mandando embora de casa e com meu relacionamento falido. Foi então que comecei aceitar alguns fatos para facilitar a vida:
  • Meu noivado realmente havia acabado. Ele estava com outra e se mostrava muito feliz, então eu precisava seguir em frente;
  • Minha mãe não me queria por perto. Ela deve ter seus motivos para não me amar como uma mãe deve;
  • A vida adulta tinha chegado e estava batendo na minha porta;
  • Eu estava sozinha e precisava fazer alguma coisa.
Admitir que eu estava sozinha foi muito dolorido, mas realmente necessário. "Ok, até aqui eu fiz o que me mandaram, de agora em diante eu faço o que eu julgar melhor pra minha vida". Foi então que comecei me reconstruir, ir aonde eu queria, escutar o que eu gostava, agir conforme meus conceitos e fazer só o que achava certo. Não posso dizer que as coisas ficaram mais fáceis (elas nunca são fáceis), mas ficaram mais leves. É muito difícil se assumir como ser independente: sem mãe, sem deus, sem mestres. VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR SUAS AÇÕES, PELA SUA FELICIDADE OU INFELICIDADE. O fardo de permanecer por este mundo tornou-se menos sofrível, mas com muito mais responsabilidade.

E hoje fui comprar sutiãs. Assumir que meu corpo é deformado me custou muito. Mas hoje, saber que eu só posso usar um tipo X de sutiã, Y de calcinha e Z de roupa fez com que a tarefa de me vestir ficasse mais leve, apesar do meu peso. Estou ficando boa nessa arte, provei só dois até achar o ideal.


"Sou só eu e a vida. Olhei para ela e disse: 'termine de me destruir, já estou pronta'. Ela fugiu. A mim ninguém mais pode destruir ou machucar. Todas essas marcas no meu corpo e, principalmente na minha alma, me recordam quem eu sou: Ave Fênix, renascida diversas vezes de minhas cinzas".

Heleninha.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Desolada.

Só passei por aqui, rapidamente, para contar algo:


Meu professor de Economia, por qual sou apaixona, é viadão. Repito, V-I-A-D-Ã-O.

Não sei se suportarei assistir mais suas aulas sabendo disso.

Falhei duramente todas as vezes em que me arrumei e fui para a sua aula.


Paola chora.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sem piedade, por favor.

Cheguei estranha para reivindicar o que sempre é negado. Eu faço parte de todas as coisas que estão escondidas, segregadas e proibidas. Tudo o que é feio, sujo ou sombrio, pois eu sou as trevas por detrás das sombras. Eu sou a ausência de ar que espera o início de cada respiração; a deterioração que fertiliza o que vive; com o fogo de minhas mãos tenho arrebentado algemas, pois nada deve estar preso.

Desde o dia do meu nascimento até que eu retorne ao pó, não serei governada. E, com a fúria que dilacero a carne da injustiça, transformo os meus demônios internos em ferramentas de poder.

O que vivi me fez suportar a morte, mesmo estando morta. Renasço a cada manhã para o todo. Ainda assim, engoli o meu medo e fui até você. Quando olhei em seu rosto, sabia que não tinha caminho de volta. Então, pensa em mim quando sentir prazer, até o dia em que sentirei prazer em encontrar-te numa encruzilhada deste mundo. Não tenha piedade, mas leva o meu amor contigo.

Heleninha

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Evitar o inevitável.

Talvez eu tenha que pedir desculpa a mim mesma por ter sucumbido. Por ter sido covarde. Por não ter dito todas as coisas que precisava dizer antes de ouvir que ele encontrou uma pessoa que supria todas as suas necessidades de carinho. Foi ele mesmo quem me disse isso, com aquele eufemismo conhecido de quem não tem coragem de dizer que se apaixonou por outra pessoa. Eu ri, pois éramos somente amigos e ele não precisava me dar explicações. Eu ri, uma vez que estava triste demais para chorar. Eu ri, mas depois não consegui e chorei.

Ninguém sabia, ninguém nem poderia saber. Algumas vezes a verdade traz dores que podem ser evitadas com a omissão. Eu tinha mesmo era vontade de abraça-lo e vê-lo dormindo em meu peito; contar a minha vida, ouvir sobre a dele; transar sentindo seu cheiro de macho que me inebria desde a primeira vez em que nos abraçamos. E a única coisa que conseguia fazer era sorrir e encorajá-lo a buscar a felicidade. Não sei se foi o certo, mas com certeza foi o melhor a se fazer. Talvez isso seja o verdadeiro amor.

Em uma de nossas viagens furadas em nome da amizade, dormimos na casa de um punk sujo. "Tem um colchão de casal pra você e sua mina", disse nosso anfitrião. Ele me olhou, sorriu constrangido e respondeu "ela não é minha mina, é como se fosse minha irmã". I-r-m-ã. Ele dormiu ao meu lado e eu provei o sentimento de vazio mais desesperador que já senti. Um nó na garganta, uma queimação no peito e pés e mãos dormentes. Eu o admirava com um olhar amplo; sentia-me confusa, perdida e, não sei se posso assim dizer, lassa. Ali fiquei eu, merecendo uma medalha por evitar o inevitável. E ele nem sabia que eu ficaria naquele lugar nojento o resto da minha vida, se fosse ao lado dele.

Tomei uns drinks e tive vontade de espancá-lo. Dizem que é isso que a bebida faz com a gente, não é mesmo? Dá coragem de fazer o que não ousamos nem pensar quando estamos sãos. Queria chutar, morder, tirar sangue do seu nariz - tão bonitinho, diga-se de passagem. Fazê-lo sentir por alguns minutos o que eu sentia por anos, todas as vezes que fracassava ao seu lado. Fiquei nervosa, irritada, louca. Tudo que pra ele não era nenhuma novidade, já que estava acostumado a lidar com isso de mim todos os dias. Seu jeito de fazer uma contenção corporal ou mesmo monossilábica. De arrancar precisamente, nem sempre de forma delicada, todas as minhas insanidades.

Não segui nenhum conselho que me deram a seu respeito. Nem de terapeuta, nem de amiga que era contra, nem de amiga que era a favor. Eu tenho um jeito todo especial de lidar com a dor. Fecho os olhos, fico esperando passar. Não emito nenhum ruído. Fico quieta, juntando todas as minhas forças pra tentar fazer o tempo correr logo. Qualquer movimento que eu faça desperdiça energia e tudo fica mais difícil. Se eu falar sobre o assunto, quer dizer que ele não me machuca tanto assim.

Anos depois aconteceu em um dia comum. Deveras não havia nada de especial: nem roupa, nem cabelo, nem perfume. Simplesmente conversamos e decidimos que seria interessante "dormir" juntos. Eu tremia inteira e estava fedendo a cigarro. Ele só me beijou depois que tirou minha blusa. Meu corpo estava naquela cama, mas minha alma só conseguia me condenar pela grande irresponsabilidade que eu fazia comigo mesma. Para ele, nada daquilo era um grande acontecimento. Acabou, me vesti e fingi desprendimento, iniciando uma espécie de encenação medíocre, para não dizer patética. A linha tênue entre estar infinitamente feliz e saber que vai se ferrar por isso. O que vale a pena?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DDDs desconhecidos.

Era dia 27 de agosto de 2010, sexta-feira. Eu estava sentada numa conveniência perto de onde eu morava, bebendo uma cerveja, sozinha. Fiquei por ali mesmo depois que desci do ônibus voltando do trabalho. Minha cabeça fervilhava e fazia um calor sufocante e opressivo.

Eu recém terminara um relacionamento complicado. Pra falar a verdade, ele tomou a iniciativa de acabar, embora eu o quisesse fazer há muito tempo. Tenho esse defeito, não termino relacionamentos por mais infeliz que eu esteja. Meu ex fazia o estilo desses namorados babacas que te xingam por nada. Talvez tenha sido por isso que eu não sofri com o nosso rompimento. Na realidade, chorei um dia. Não foi um choro por perdê-lo e sim pesar por eu ter ficado com ele tanto tempo. Chorei por mim.

Enfim, meu telefone tocou e eu não fazia ideia de quem fosse. Atendi semiembriagada:
- Alô
- Oi, Heleninha? Aqui é o Bruno Aleixo
- Oi Bruno, tudo bem? Como conseguiu meu telefone?
- Ah, consegui... Te liguei pra perguntar uma coisa, qual seu nome completo?
- Heleninha Roitman, porque quer saber isso?
- Só pra saber como ele vai ficar depois que nos casarmos
- Cê tá de brincadeira comigo, né? Olha, tenho que desligar, depois falamos.

Não era a atitude mais prudente falar com ele alcoolizada. Além de que, ele só podia estar brincando. Bruno Aleixo era um latino-americano lindo, desses todo jeitoso. Um rosto desenhado, pele de pêssego, muito engraçado, realmente apaixonante. É, não poderia ser verdade. Mas era. Depois desse dia, engatamos um romance e tornamo-nos fiéis assíduos de alguns hotéis baratos da cidade. Nunca nos cobramos nada, só era legal o tempo que passávamos juntos. Ele me chamava de Bruxa e eu o chamava de Bruno Aleixo.

Eu gostava, embora soubesse que seria passageiro. Bruno Aleixo é do tipo nômade. Não se prende a lugar nenhum, fica seis meses numa cidade e vai pra outra. Não consegue ter raízes, não sabe criar vínculo com ninguém. Alguns meses depois, no dia do meu aniversário, ele foi embora. Na despedida ele me abraçou e depois disse: "eu te amo, queria que você ficasse comigo, mas não posso, você é louca. Vou te dar quatro conselhos antes de ir: procura uma igreja; tira esses piercings; para de fingir que é forte e seja forte de verdade; e por último, me esqueça, porque eu vou te esquecer em um mês". Nem respondi. Quando ele terminou de dizer essas coisas, virei as costas, entrei no carro e fui embora. Também não sofri com o nosso rompimento. Na realidade, também chorei um dia. Também chorei por mim. Por mim, sem ele.

Toda vez que ele muda de cidade, me manda uma mensagem. Sei que é ele pelo jeito de escrever (sempre em CAPS LOCK), mas o DDD é sempre outro. 067, 066, 041, 018. Algumas vezes eu respondo, outras não, depende muito do meu humor. O que mais me irrita é ele saber da minha vida: sabe quando estou namorando, quando estou solteira, quando mudo de casa e etc. Amo stalkear as pessoas, mas não gosto quando fazem o mesmo comigo. Mesmo porque, nunca dei stalk nele.
Antes de ontem ele reapareceu, com um DDD novo: "NÃO TÁ MAIS NAMORANDO?". Não respondi. Ontem ele ligou, vi o DDD, sabia quem era, mesmo assim resolvi atender:
- Oi
- Oi Bruxa, não me responde mais?
- Não, só respondo quando tenho algo a dizer e a gente não tem nada pra dizer um pro outro.
- Uhhhhhh! mal criada como sempre! Tô sabendo que você perdeu o emprego...
- Não perdi, pedi pra sair.
- Mesmo assim, está sem emprego. Vai fazer o que agora? Vai logo arrumar outra coisa, guria! Fez faculdade só pra dizer que fez?
- Hey, cala a boca! Você não sabe nada da minha vida, se liga!
- Sei o suficiente pra saber que você está brava agora. Fala baixo e tira essa mão da cintura, galinho de briga.
- Aff, vou desligar, não quero falar mais com você. Não tenho o que falar. Você disse que me esqueceria em um mês e não cumpriu com a promessa.
- Eu sei, não consegui esquecer. Precisa de dinheiro?
- Que?
- Tá precisando de dinheiro? Quer que eu te mande alguma coisa?
- Claro que não, Bruno!
- Tudo bem, pode desligar agora. Esse é o meu telefone novo, me liga se precisar de grana.
- Não vou ligar e acho legal da sua parte se não me ligar mais também.
- Tudo bem, não vou ligar. Quando eu mudar de número outra vez te mando uma mensagem. Tchau.

Duração da chamada 1 minuto e 37 segundos. Encerra com a chamada meu vínculo com ele. Não atendo mais DDDs desconhecidos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Enquanto as más línguas falam de mim, as boas percorrem meu corpo.

Bom lindinhos, hoje é o dia do sexo e eu sou a pessoa mais indicada para escrever sobre isso porque tomo no cu com a vida todos os dias. Existem coisas que todo mundo aprende depois de algum tempo, mas ninguém tem coragem de falar. 80% dos meus problemas na vida sexual teriam sido evitados se eu soubesse antes sobre algumas coisas que vou falar hoje ;)

O sexo era a melhor coisa do mundo até a invenção da Nutella, que o deixou em segundo lugar RSRSRSRSRS. Brincadeiras a parte, o sexo é o que une duas pessoas por pouco ou muito tempo: o cara é lindo, um verdadeiro cavalheiro, te trata como princesa, abre a porta do carro, manda flores, te liga N vezes ao dia pra saber se está tudo bem... e é péssimo na cama. Quem nunca encarou um desses, hein meninas? O jeito é tentar recuperar o rapazote, caso não dê certo, dar uma bota nele será o mais indicado. O mesmo vale para os meninos que ficam com meninas com complexo de mulher inflável.

MENINAS
 1) Aprenda a gozar sozinha: durante muitos anos eu achei que sexo era deitar na cama e abrir as pernas. Aprendi a me masturbar com quase 22 anos na cara. Nunca havia me tocado nem conhecia as zonas de prazer do meu corpo. Terrível. É pelo conhecimento do seu corpo que você consegue conduzir o sexo a seu favor, indicando para o jovem sortudo o que ele deve fazer. Existe diferenças significativas entre uma mulher e outra e o moçoilo não é obrigado a adivinhar onde é aquele seu "ponto fraco".

2) Não fique sem gozar: a libertação das mulheres que tomou força em meados dos anos 60 com a queima de sutiãs e aquela história toda que a gente já conhece. "Adquirimos" o direito de sermos iguais aos homens, que se tornaram muito menos românticos; "adquirimos" o direito de usar calças; "adquirimos" o direito de ter uma jornada dupla de trabalho... mas do direito de gozar ninguém fala, né? Ah, mas aconteceu do cara gozar antes de mim e agora o que eu faço? Use para alguma coisa as horas escutando Eliana quando criança, chame todos os dedinhos e goze.

3) Não finja orgasmo: o maior erro das mulheres é esse. Você finge que está bom e o cara passa a acreditar que aquela MERDA que ele fez (e insiste em chamar de sexo) foi legal. Não finja e, se questionada sobre, não minta.

4) Não transe com babacas: acho que essa lei é a mais importante de todas! Total não sou contra transar de primeira, na verdade sou bem a favor. Mas transar com babacas é tão oneroso que não vale um orgasmo (só quem já transou com um é que sabe). O ideal é que os homens viessem identificados com uma marca na testa "babaca" ou "cara legal", mas infelizmente ainda não chegamos nesse nível de evolução, quem sabe daqui alguns anos? É certo que algumas vezes a gente vai errar, achar que o cara era de boa e descobrir que ele era um grande pau no cu, mas errar deve ser acidente, não rotina. Mulheres desesperadas geralmente erram mais, e aí a dica de aprender gozar sozinha vale muito! Passe um tempo com você, faça sexo com você mesma, aprenda a amar seu corpo com todas as (im)perfeições dele enquanto não conhece um cara legal pra fazer um sex gostoso.

MENINOS
1) Invista nas preliminares: esse assunto é tão batido que eu nem vou falar muito. A maioria dos homens tem o péssimo habito de simplesmente ignorar que as preliminares existem. Pegue a sortuda com vontade, use os dedos e a língua. Com certeza o sexo ficará muito melhor depois, pois a mulher precisa desse tempo de preparação. NÃO ADIANTA nem encostar as mãos na menina direito e ficar empurrando a cabeça dela pra baixo; se você quer sexo oral, faça primeiro!

2) Observe as reações faciais da sua parceira: sempre que for tentar algo novo, procure olhar no rosto da mocinha. Assim você pode perceber claramente se está agradando ou não. A dica do contato visual aqui vale demais.

 "tirei a roupa, mas ainda tenho rosto, você pode olhar pra ele sem ficar cego" 

3) Compre lubrificante: a lubrificação no sexo é igual dinheiro; quanto mais, melhor (para os dois). Não precisa usar em todas as vezes, mas ter um potinho guardado no porta-luvas do carro ou no seu quarto é uma boa pedida e dá resultados muito positivos!

4) Você não é tão bom de cama quanto pensa que é: quando o cara acha que é muito bom no que faz, dificilmente se esforça para aprender coisas novas e o sexo fica uma verdadeira porcaria. Como já disse, mulheres são diferentes e o homem tem a difícil missão (que pode ser facilitada pela parceira que conhece seu próprio corpo) de descobrir as particularidades de cada uma delas. Lembrando sempre que essas particularidades são altamente mutáveis, então mesmo num relacionamento duradouro, cada transa é uma aula.

 "tanta propaganda pra me apresentar esses resultados? aff... tô #chatiada"

Se o sexo é bom, ele representa 1% na relação; se o sexo é ruim, ele vira 99%. O casal se desgasta de tanto falar disso e a vida vira um inferno. Casal que não se entende na cama, não se entende em nenhum outro âmbito.

"USE CAMISINHA E APROVEITE A VÉSPERA DE FERIADO! A GENTE JÁ COMEÇOU, E VOCÊ?"

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Paola, a louca.

Vocês se lembram quando eu disse que não mereço? Pois é. Aqui vai uma pequena prévia, uma pequena degustação pra vocês entenderem melhor. 

Paola diz:
aff.. dormi
bjos
Carlos Daniel diz:
oi..
po, vc é foda.
acho q vou excluir face e msn.. a gnt se fala por cel e pessoalmente.. assim nao vou ser ignorado 98% das vezes q falo com vc..
Paola diz:
credo. que mané ignorado o que
se eu nao respondi é pq eu nao to no pc
pq é tao dificil entender isso?
Carlos Daniel diz:
pq é tao dificil colocar ausente ou fechar o msn?
Paola diz:
ok.. nao entro mais de manha então
Carlos Daniel diz:
normalmente se faz isso..
ah.. ok..
beleza entao..
Paola diz:
ué.. não é o que vc quer?
Carlos Daniel diz:
é.. ahan..
só nao qro ficar falando soziho..
sozinho
mas ate ai... ja te pedi milhares de vezes.. mudou nada..
Paola diz:
Carlos Daniel, eu tenho msn ha quase 10 anos
e em 10 anos vc é a primeira pessoa que se incomoda com isso
Carlos Daniel diz:
ok.. mais uma coisa q eu nao vou mais reclamar ok?
faça como qser..
to saindo..
bjo e boa aula.. 
antes q diga afe.. eu ja estava mesmo saindo..
Paola diz:
acho prudente
bjos
Carlos Daniel diz:
claro.. prudente..
Paola diz:
uma escolha acertada, logica, obvia
dê o adjetivo que quiser
Carlos Daniel diz:
sim... pq te pedir pra ajudar em algo, da em nada..
mas é bom q eu aprendo aos poucos a ser assim como vc.. deve fazer bem..
Paola diz:
nossa.. vc viaja
sério
Carlos Daniel diz:
to saindo.. tchau.. bjo e boa aula..
vc qr me ver agir por uma semana como vc age?
Paola diz:
nem vou responder, tá?
Carlos Daniel diz:
pq é uma droga...
parece q vc qr largar de ficar comigo e nao fala, fica querendo me fazer passar raiva e dizer q nao qro mais..
Paola diz:
MEO DEOS, é um MSN
Carlos Daniel diz:
pq antes vc era outra pessoa..
nao to falando só dessa bosta nao..
estao me esperando..
tchau


Sério, gente? E a pessoa vem me chamar de louca depois.

Paola.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Aquele sentimento.

Por que me incomodo tanto com o que as pessoas dizem/acham da minha vida?

Olha, nem eu sei explicar.. Não é que eu precise de aprovação das pessoas, mas é que, de vez em quando, se elas dissessem que você está indo pelo caminho certo, talvez desse um ânimo. Como já disse, nem eu sei explicar direito.

Hoje passei pelo bar da faculdade com minhas amigas e lá estavam discutindo sobre como estará nossa vida daqui a 5, 10 e 20 anos.

Gente, não sei nem o que irei comer amanhã, se estarei viva ou não. Penso no futuro, mas não com tanta veemência ou planejamento quanto elas. Planejamento de coisas incríveis e deveras específicas, como por exemplo a banheira preta vintage que terei no meu banheiro, ou o meu doutorado na Islândia. Não quero grandes coisas, quero apenas estar um pouco acima da mediocridade. (Não sei definir ao certo o meu parâmetro de mediocridade).

Daí me soltam um:
"Olha, Paola, é por isso que você não passou em nenhuma entrevista de emprego, foi porque você nem começou a planejar o seu futuro."

Ou então:
"Paola, você tem tudo porque seu pai te banca, não vai ser mérito nenhum seu se você fizer isso ou fizer assado".

Cara, desnecessários esses comentários.

____


Minha vida anda tão conturbada, tão de cabeça para baixo, tão... que eu só queria sumir, sabe? Não ter contato com ninguém, ir para uma ilha só com pessoas desconhecidas, em que eu pudesse festar 24 horas por dia de preferência. Ando precisando muito disso.

Ando com tanto medo das coisas não darem certo, das coisas não se encaminharem devidamente. Estou com muito medo mesmo. Medo de f-r-a-c-a-s-s-a-r, medo de não ser tão boa quanto acho que sou. Medo de ter julgado tanto os outros como inferiores a mim e descobrir que, na verdade, o inferior era eu. Pensamentos como: "Ah, ela é bonita.. mas eu, pelo menos, li Dostoiévski".
De que me adianta agora, me diz, de que adianta?

Sei que preciso ser forte e resiliente, e não desistir. Acho que eu precisava de um livro de auto-ajuda. Mas acho que preciso mais de alguém que coloque minha cabeça em seu ombro e me diga que vai dar tudo certo. Preciso.

Vou dormir para ver se amanhã vai ser melhor.





Paola. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tá doendo, e agora?

Orgulhosa como sempre, bati no peito e disse que não doeria. Dei risada e debochei: "bem capaz, estou vacinada". E agora? Houston, we have a problem, estoy aqui choramingando pelos cantos.

A única, porém ENORME, diferença é que hoje sou eu by my own, alone, sozinha. Sou eu, eu mesma e a vida. Não posso me dar ao luxo de sofrer, não dessa vez, nunca mais. Mas está doendo muito e eu realmente não sei o que fazer. Dependo e não dependo, acabei me envolvendo demais. Como é que se faz curativo na alma?

Dizem que aos 25 anos a gente a reconhecer que nossa mãe estava certa. Cá estou eu, 4 meses antes de chegar aos 25, pensando: "é, acho que talvez ela estivesse certa". Quem procura acha... e quando acha, nem sempre é o que a gente esperava. Só quero saber quando esse pesadelo vai acabar.


Heleninha.

sábado, 25 de agosto de 2012

Não mereço.


Olá amiguinhos,

Fiquei um bom tempo sem aparecer por aqui, não? Eu sei, mas é que as semanas passadas foram bem conturbadas, e nessa entre safra até doente estive.
Mas o que me traz aqui hoje é que preciso desabafar e dizer: Eu não mereço mais isso.

Terminei um namoro recentemente, em abril para ser mais exata, e em maio já estava saindo com Carlos Daniel Bracho. Meu namoro terminou entre outras coisas por causa de ciúme, ele era muito possessivo, possessivo ao ponto de brigar comigo por eu chegar 10 minutos atrasada depois da aula da faculdade. (Era um namoro à distância, já começa por aí, mas isso não vem ao caso por hora).
Enfim, essa introdução toda somente para dizer que Carlos Daniel está traçando o mesmo caminho. Explico melhor:

Na semana passada em que estive doente Carlos Daniel foi convidado a ir à praia e me convidou para ir junto. Disse que não poderia ir por estar doente, e ter uma prova no fim de semana. Ele disse que ficaria aqui para me fazer companhia, mas que seria difícil me ver porque sua mãe encrenca muito. (Nem entrarei neste mérito, mas saibam que ele não tem 12 anos). Ou seja, ficar aqui para nada, não é mesmo?
Disse a ele que fosse, e que não se preocupasse comigo, pois iria ficar bem.

Ao chegar à praia, me ligava todos os dias, quase como se estivesse me devendo algo, quase como se estivesse me dando satisfações. (Lembrando aqui que não temos nenhum compromisso). Creio, e aqui acho que é realmente verdade, que ele estivesse se sentindo culpado por ter me deixado aqui sozinha, e por isso tentou me compensar de alguma forma. Só que, ele me ligando, me deixou pior, pois eu sabia que ele estava se divertindo, enquanto eu convalescia na cama.
Até aí, ok. Fiquei chateada em um primeiro momento, mas nem falei nada. Só que, veja só como são as coisas, essa semana quem ficou doente foi ele. 
Quanto a isso, fiz minha parte, perguntei se ele precisava de algo, me ofereci para ir ao hospital com ele, fiz tudo o que estava ao meu alcance. Quando foi de noite, seu irmão o levou ao hospital. Nesse ínterim, amigos meus, que não via há tempos me chamaram para sair. Aceitei, até porque, não saia há alguns fins de semanas. Quando saí, lhe deixei um recado no MSN, dizendo que sairia e que se ele precisasse de algo, que me ligasse. Primeiro que, não devo satisfação nenhuma a ele, e mesmo assim o fiz, por achar que é sacanagem não avisar. Já ouvi o “não te devo satisfação nenhuma da minha vida” de outra pessoa, e acho que isso me traumatizou pelo resto de minha existência, por isso, jamais falaria isso para alguém. Mas, enfim.

No outro dia, nego virou um bicho. Nossa, como você sai sem avisar, enquanto eu estou doente, e você nem se preocupa comigo, e tem uma foto sua com um cara aí no facebook e mimimi, mimimi e mais mimimi.  Falou um monte de coisa, um monte de coisa mesmo. Disse que iria mudar seu jeito de ser comigo porque, segundo ele, “esperamos que as pessoas façam o mesmo que faríamos”. Disse a ele que essa lição aprendi desde pequena, e que isso é o motivo maior de nossa decepção com as pessoas e que era bom ele aprender logo.

Essa discussão se deu por horas e sabem? Não mereço. Não mereço mesmo. A pior coisa que se pode fazer em um relacionamento é tentar controlar a vida da outra pessoa. Você pode até tentar controlar, mas faça isso com elegância, faça isso manipulando muito bem, jogando muito bem com as palavras, com as situações e com os mecanismo de recompensa, porque do contrário você acaba levando a fama de louco neurótico.

Foi bem como Heleninha disse:

"Você fica doente, eu viajo. Eu fico doente e você deve convalescer ao meu lado."

*Negro, por favor. 




Paola. 


*Lembrando que esta é a tradução da expressão inglesa "nigga, please" e que este blog não faz nenhuma apologia ao racismo e outras formas de discriminação. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Para sempre

Comecei a pensar nesse post há alguns dias, quando fui assistir Batman e dormi do começo ao fim do filme. Meus amigos indignados: COMO VOCÊ CONSEGUIU DORMIR? Dormi. Simples, fechei os olhos e só acordei duas ou três vezes pra mudar a posição do meu braço que insistia em ficar adormecido. A indignação se estende quando eu falo que nunca li quadrinhos, nem vi Harry Potter ou Senhor dos Anéis, nem Dragon Ball, nem Cavaleiros do Zodíaco, nem Caverna do Dragão. E, pasmem, nunca vi O Rei Leão! O desenho que permeou a mente de todas as crianças, que emocionou os pequenos e seus pais. Não pude assistir.

Na época de conversar sobre como ter o corpo ideal e alternar horas de academia e "trocar uma ideia com a galera", eu pensava no cesto de roupas que tinha para lavar e depois passar, estudava Latim aos sábados e matemática aos domingos. Na época de ter ídolo e pôster no quarto, eu guardava alguns CDs de Rock na gaveta de calcinhas e escutava no fone de ouvido depois que todos de casa tinham ido dormir. Na época de dar o primeiro beijo e pegar na mão do paquera da escola, eu corria de todo tipo de afeto.

As brincadeiras em troca de horas sentada no banco da igreja. As festas juninas, ano após ano, que eu não dancei. As poesias que foram rasgadas para ninguém achar que eu era triste. Os CDs que foram jogados fora quando encontrados. A criatividade de teatros e a vontade de fazer algo diferente e não ser mais uma medíocre, ridicularizadas. O que me foi vetado caiu, se perdeu numa valeta em algum lugar do passado. Um quarto quebrado, um nariz quebrado, um coração quebrado... para sempre.

Vê-la sofrendo me doía. Lembro-me de quando via seu rosto molhado e pegava minhas mãos pequenas com unhas roídas para limpar. Dormia em seu ombro, sentindo o seu cheiro e era a menina mais importante do mundo. Mas a porta da sua felicidade estava trancada para mim, ofereci meu amor para abri-la, mas o meu amor não era a chave adequada. Não suportava o fato de ela ser triste. Se, pelo menos, deixasse eu me aproximar dela para acariciá-la, mas ela não queria. Amei-a loucamente durante minha infância e adolescência. Depois a detestei. E, por último, a abandonei. Eu a irritava. Não sabia conversar com ela, agia desastradamente e a chocava.

E ela prosseguiu no que achava correto, tão calma quanto eu me agitava, tão inteira quanto eu me dilacerava; meu coração batia até se despedaçar. Ninguém, além dela, poderia interromper a degradação da minha alma. Meu corpo ser curvou e eu me tornei feia, por fora e por dentro. Se eu pudesse saber o mal que ela me faria, se eu pelo menos desconfiasse a ferida incurável que ela iria me abrir, eu teria fugido. Ela esmagou meus joelhos, arrebentou meus tímpanos, quebrou meus dedos, me dissecou. Quantos golpes violentos me acertou; que brutalidade, que carnificina. A lembrança da vulgaridade das palavras em sua boca e da raiva nos seus olhos esverdeados me dá calafrios e uma náusea constrangedora. E Ele? Ele nada podia fazer para me proteger ou livrar, pois não tinha dimensões próprias. Ele era o que ela havia construído, e só.

As sequelas são terríveis. Medo reavivado pelo pesadelo que tive domingo e tenho vergonha de contar; o rancor vem à tona. Não vejo muito a se fazer, só esperar. Caminhar um dia de cada vez e torcer para que esse monstro que se aninha entre meus ombros e meus peitos durma tempo bastante para não despertar outra vez antes que eu tenha ido. Sobrevivo com o nada que sobrou. Não posso ser amada, não posso seduzir, somente ser rejeitada. Me destruo, me perco, me desprezo, me odeio. Não sinto prazer, mas também não sinto aversão. Nada me choca, nada me surpreende, não sinto mais medo de me machucar. Luto para parecer normal. Todas as minhas forças são usadas para enterrar a minha violência, o mais fundo possível. Isso faz tudo em mim doer, principalmente a garganta, para que a ferocidade e nada mais saia.

Heleninha.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pussy Riot

Nunca tinha ouvido falar da banda punk feminista com letras abertamente anti-governo de Vladimir Putin, nem mesmo depois do show polêmico, realizado na Catedral do Cristo Salvador em Moscou. Tal evento mantêm detidas, até hoje, três das integrantes. As meninas se juntaram em setembro de 2011, depois que Putin anunciou que se candidataria novamente em 2012.
A banda, que se recusava a tocar em "shows normais", promoviam uma série de "shows ilegais", incluindo na Praça Vermelha (praça central de Moscou e de toda a Rússia. Onde aconteciam os desfiles militares soviéticos durante a extinta União Soviética).


Em fevereiro, realizaram um show na Catedral do Cristo Salvador em Moscou. Em março, Putin retornou ao poder. Yekaterina Samutsevich (29 anos), Nadezhda Tolokonnikova (23 anos e mãe) e Maria Alyokhina (24 anos e mãe também) ainda estão sob custódia e podem ser condenadas de três a sete anos de prisão. O veredito deve sair na semana que vem, dia 17 (isso se já não tiver saído, do jeito que ando desinformada).


O que me chamou mais atenção é que não vi nenhuma movimentação punk a respeito do assunto. Não li um artigo de colega, nem manifestação em rede social. Por enquanto, vi somente Madonna e Yoko Ono se manifestando. Achei lindo o que a Madonna fez em seu show, tocando encapuzada, como as meninas fazem, e mostrando PUSSY RIOT escrito em suas costas. Defendeu bravamente o trio feminino que está detido acusado de vandalismo motivado por ódio religioso.
Ódio religioso, oi? Não seria apenas um protesto contra os líderes e fiéis ortodoxos que apoiaram e ainda apoiam Vladimir Putin?

Os fiéis ortodoxos e seus líderes (grandes filhos da puta) se recusam a dar perdão para o acontecido e queimaram um poster de Madonna (HAHAHAHAHA MADONNA CHORA, COM CERTEZA) e Dmitri Rogozin, vice-primeiro-ministro russo, xingou-a de "puta velha" no Twitter. Teve tanta repercussão, que o show que a rainha do Pop faria em São Petersburgo estava sob ameaça de terroristas.


Sei que as meninas ganharam uma grande admiradora. Começando pelo nome da banda, que sugere a "rebelião" de um órgão sexual que, teoricamente, deveria só receber coisas enrijecidas. Isso sim é revolução; querer mudar governo que oprimem, sexistas que acham saber o certo. 

Não ficaram como o vice-primeiro-ministro e alguns coleguinhas, xingando muito no Twitter!

Heleninha.

Alguém avisa?

Gente, sem palavras para a reportagem que eu vi hoje à tarde. Naomi Campbell está ficando careca por conta do uso contínuo de aplique. Alguém mostra a foto pra Piaçava?

Faz muito aplique, cai cabelo. Tem que ver isso aí, hein? Depois não vale falar que eu fiz macumba!


"TO LINDAAAAAAAAAAAA"

Heleninha.

No soy normal!

Andei percebendo esses dias que estou sofrendo de adolescência tardia.

Ando com a pele oleosa, cheia de espinhas, coisa que eu nunca tive (porque né, nem a pele eu posso ter de bom), e agora estou platonicamente apaixonada pelo meu professor de Economia. Ele já havia me dado aulas no 2° semestre, época em que eu ia para a faculdade todos os dias de sainha, toda periguetezinha e cheia de amiguinhorsrs, e agora ele voltou, não mais bonito do que aquela época, ele até deu uma enfeiadinha, uma engordadinha... Mas, guess what? Eu também!


E ai, odeio isso, que coisa mais de underage, se apaixonar por professor.

Só queria desabafar isso com vocês.

Paola.

UPDATE Heleninha: Gente, é sério, alguém interna Paola Bracho, pufavor. Nega tá procurando professor no FaceBook pra dar stalk.

Paola: joguei o nome dele no Google.
Heleninha: meu Jesus!
Paola: ACHEI! ACHEI VÍDEOS!
Heleninha: vídeos dele?
Paola: não, porno, infelizmente. Semana que vem vou mais arrumada pra faculdade.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

No babies, yes obesidade.

Era ano novo, fui passar a data com os primos do meu ex-namorado em um bairro que eu JAMAIS ouvira falar. Tudo por amor (q?), ok, vamos lá. Como? De ônibus, claro. Pobreza, velha conhecida, mandava beijos e a gente acenava de volta.

A noite foi agradável, vimos os fogos de artifício e fomos dormir. No meio da noite, meu ex que estava mega bêbado, saiu do quarto e não voltou. Eu, que já estava bem cansada de toda aquela palhaçada, lancei um foda-se e voltei a dormir. Quando acordei, encontrei sua prima na sala, meio desconcertada, perguntei o que havia acontecido e ela abriu a porta do quarto. Vi aquela cena dantesca e não sabia onde enfiar minha cara: meu ex estava deitado na cama do casal, roncando, de cueca. Tips, saiu no meio da noite do quarto para deitar entre o casal, oi?

Fiquei putíssima, acordei a criatura e fomos embora. Além de ter perdido minha sandália no meio do barro, ter que passar por todo o constrangimento e enfim. Quando entrei no ônibus, um moço todo simpático me ofereceu o lugar preferencial de gestantes.
Olha, qual a dificuldade de perceber que não estou grávida? Sou só obesa. Tenho pança sim, mas tenho perna grossa, braço de salgadeira, a gordura é toda distribuída. Faço parta da parcela obesa da população brasileira e só. Olho para o lado e vejo meu ex, depois de toda a palhaçada que fez, querendo rir. Foi quando percebi que algo muito errado estava acontecendo na minha vida.

Piaçava ri.


"não sou gorda, tô só meio cheinha rsrsrsrsrs"

Heleninha.

Todo o constrangimento é pouco

Meu cosplay no metrô da Sé às 6 horas da tarde:


Minha cara quando me oferecem assento preferencial por acharem que estou grávida:


Paola.

domingo, 5 de agosto de 2012

Senta aqui minha filha, vou te explicar algumas coisas sobre a vida:

Eu olho para a pessoa e sei. Toda a vez que vou contra isso, acontece alguma decepção. Sempre juro que vou acreditar mais no que o meu radar de relacionamento interpessoal aponta, mas no outro dia, lá estou eu indo contra ele.

Com a criatura em questão foi assim. Quando a vi, fui até embora a pé de tanto desespero que senti. Sempre mantive a minha distância preventiva e amiguinhos em comum dizendo que eu era ruim e chata por não dar uma chance. Um ano depois todos a odeiam e eu não posso nem falar "eu avisei", já que não quero parecer minha mãe.

A única coisa que sei é que sempre fui um afeto para essa pessoa, que na presente ocasião chamarei de Piaçava - pela ampla semelhança entre as fibras da palmeira, as quais são utilizadas na fabricação de vassouras, e seu cabelo. Utilizo a palavra afeto aqui no sentido de agir sobre alguém. O afeto que Piaçava nutriu por mim todo esse tempo, podemos dizer que não foi um dos dez mais cristãos.

Ao nascer, Piaçava foi pouco favorecida de beleza facial e sua inteligência, por falta de estímulo e uso abusivo de entorpecentes, se tornou cada vez mais imperceptível com o passar dos anos. Apesar do corpo consideravelmente bonito para os padrões de beleza atuais, ainda se sente inferior e necessita da aprovação de todos que a cercam. Não teve a minha, o que lhe causou grande perturbação emocional.

Piaçava passou a sustentar alguns sentimentos hostis por mim. Primeiro grande erro, não se sente inveja de uma pessoa que está na merda, mas enfim. O fato de eu saber conversar sobre outras coisas que fugiam de seu habitual (drogas, plásticas e trepar com Johnny Depp) sempre a incomodou bastante.

De uns tempos pra cá, Piaçava vem sofrendo de rebeldia de adolescência tardia e resolveu infernizar minha vida. Só se esqueceram de avisá-la para caprichar MUITO, porque pra deixar minha vida mais inferno do que sempre foi tem que ter muita habilidade.

Nega me chama de gorda e acha que vai ofender. Só olho e respondo: "VOCÊ PERCEBEU? SÉRIO? ACHEI QUE DAVA PRA DISFARÇAR". De verdade, fiquei chatiiiiiada, como não me avisaram antes que todos conseguiam ver a mesma imagem que eu vejo no espelho todas as manhãs? Pensei que só eu tinha esse (des)prazer. Enfim, senta aqui minha filha, vou te explicar algumas coisas sobre a vida: EU AINDA PRECISO EMAGRECER MUITO PRA SER CHAMADA DE GORDA. Vá fazer algo de útil, pare de usar o dinheiro do supletivo para fazer plástica. Pare de usar biquíni como se fosse vestimenta de passeio, afinal nem praia nós temos aqui. E o principal e mais importante, não faça mais penteado de noiva pobre para sair de casa.

Da próxima vez, vocês deveriam acreditar mais em mim.


"Sou meio ninfomaníaca rsrsrsrsrsrs, daria para o Johnny Depp agora se ele quisesse"

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Solidão.

Não tem sido fácil. Na verdade, nenhum dos meus dias foram fáceis nesses anos que insisto em me arrastar pelo mundo. Existem feridas que demoram a cicatrizar, outras nunca cicatrizam. Mexer nisso é muito doloroso, mas realmente necessário.

Essa debilidade de criar vínculos, esses sentimentos embaralhados, separação total do corpo e do eu, o nojo que provoca o amor, o asco que causa dependência. Hoje preferiria mil vezes os espancamentos de minha mãe à essa solidão devastadora. Silêncio que machuca.

Sempre fui especial, a rebelde. Nunca entenderam. Briguei bravamente pelo e por quem eu acreditava; abandonei princípios que considerava errados para instituir novos; dei a cara à tapa e coloquei a mão no fogo por quem eu amava... Fracassei.

Fui atrás de encontrar meu caminho e me perdi tantas vezes que nem consigo mais contar. Esmurrei pontas de facas diversas, cai e levantei. O grande problema é que, quando a gente cai e levanta, deixa uma parte nossa no chão e leva uma parte do chão conosco.

Hoje sou só chão, aridez do deserto. Paola Bracho se diz assustada com tanta indiferença. Fico triste por ter me tornado assim. Era só coração, hoje sou terra rachada. Há meses procuro alívio das minhas dores nas águas salgadas de meus olhos, mas nem elas estão comigo agora.

Sou só eu e a vida. Olhei para ela e disse: "termine de me destruir, já estou pronta". Ela fugiu. A mim ninguém mais pode destruir ou machucar. Todas essas marcas no meu corpo e, principalmente na minha alma, me recordam quem eu sou: Ave Fênix, renascida diversas vezes de minhas cinzas.

Heleninha

terça-feira, 31 de julho de 2012

Da série: Não tenho vida, roubo a das amigas.

Estava eu, no meu caralivro, sem nada para fazer, quando me deparo com um amigo comentando essa capa de revista:


Trata-se de uma capa da Veja São Paulo, falando sobre as “Suellens da vida real”.

Se você é um pseudocult que acha ver novela coisa de gente alienada cara muito ocupado e não tem tempo de ver novelas, a Suellen, personagem de Isis Valverde, é uma periguete de marca maior, daquelas que ficam em festas atrás de jogadores de futebol em camarotes e bebidas caras na faixa. 

Feita essa explicação, a matéria da revista trata de mulheres da vida real que são a caracterização ou a inspiração da personagem, e que realmente assumem o fato de ser periguetes sem nenhum problema, que assumem que estão lá na balada atrás de gente rica e famosa, e que adoram entrar vips nas noites da high society.
Olha, não critico e tampouco julgo esse tipo de mulher. Não quero ser, não gostaria de ser e nem de fazer disso o motivo e a razão principal da minha vida. Mas, novamente, não julgo quem faz isso, até porque, quem não gosta de ter sua bebida paga de vez em quando como uma forma de gentileza masculina? Além do que, elas assumem quem são, e isso pra mim, faz toda a diferença.
O que me causa repulsa e ojeriza são mulheres naipe Sandy, que tem aquela imagem de santinha, mas que de repente, opa, é possível ter prazer anal!


Aqui invoco a história de uma amiga bem próxima já que a minha própria vida está um tédio e nada acontece que tem que lidar no dia-a-dia com um clássico representante da espécie Sandesca. Explico:
Minhas amigas tem o péssimo (?) hábito de ficar xeretando nas redes sociais e internetes afim de pessoas muito próximas e, como já dizia minha avó, quem procura muito, acaba achando. 

Pois bem, minha amiga descobriu a Sandy falando mal dela. Ok até aí. Mas, o que mais me intriga, é o fato dela nunca ter desconfiado antes da menina, e ter confiado a ela coisas bem íntimas. 

Aqui dou alguns exemplos do porque ela deveria ter desconfiado antes:
I – A menina rouba dinheiro do escritório em que trabalha para comprar sapatos Arezzo.
II – A menina, rycah que é, conseguiu ter deferido o pedido de bolsa de estudos junto à faculdade, e pessoas que realmente precisam não conseguiram.
III – E aqui o motivo que realmente me causa muita RAIVA, ÓDIO, YES CAPSLOCK ASSAULT, aversão é o fato de a menina possuir um namorado (que mora em outra cidade, mas isso não vem ao caso, pois ela alega que ama muitummm dimaixxxx eliiiiiii) e ficar por aí se esfregando em desconhecidos, e aqui o se esfregando é fisicamente mesmo, instigando os meninos e tudo, e depois dar o fora neles, falando que eles estão viajando, e que ela estava apenas sendo legal.


E é isso amiguinhos, espero que tenham gostado do meu primeiro post. Estaremos por aqui sempre, trabalhando muito no ódio e no veneno!

Um beijo,


Paola Bracho.

Hello again, friend of a friend :)

Outra vez no mundo dos blogs. Depois do extinto aquiedomeujeito e muitos meses sem escrever, voltei acompanhada de uma cúmplice (ex-dona do akikenoisassaecome, uma coisa assim, não estou certa).

Mas, porque diabos fechar o seu se ia abrir outro? Fechei porque não queria mais escrever, havia desistido, a vida ficou corrida demais. Coisas de gente (quase) adulta. Sinto muita falta de ter um canto pra chorar as mágoas e algumas pessoas pediram para eu voltar a escrever; só estava esperando algo acontecer para dar o start e é isso, aqui estou: 24 anos, crise de meia-idade, desempregada e sozinha. Existem mais coisas, impublicáveis no momento.

Um beijinho pra vocês
Heleninha