terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O ratinho da minha infância.

Hoje eu fui às Lojas Americanas, na parte de CDs e encontrei um com histórias da Gata Borralheira. Lembrei-me dos tempos de menina. Eu tinha um CD de história de João e Maria. Em uma determinada parte, quando a Bruxa os prendia (para engordá-los no intuito de comê-los depois), eles choraram. Então aparecia um ratinho que dizia irritante e repetidamente: "chorar não adianta, é preciso agir".

Quando comecei meu processo de reconstrução, no fim de 2008, chorei por muito tempo, até começo de 2010. Foi então que me lembrei desse ratinho e comecei agir. Conforme disse no post anterior, a fase do choro é aquela que a gente se encolhe no fundo do mar, a fim de tomar impulso para voltar à superfície. Quando a onda passa e você consegue ver o sol, é hora de emergir.

A fase do choro passou, agora sinto que nado em direção à superfície. Meus braços e pernas estão quase sem forças, o ar me falta. Cada hora que passa tudo se torna mais difícil, entretanto, o sol fica mais tangível – única razão para continuar. Ainda que difícil, só consigo nadar assim porque soltei os grilhões que me prendiam.

A liberdade que eu conquistei tem um valor inenarrável. Saber que posso fazer o que eu quiser, sem culpa e sem ser castigada pelas leis superegóicas do inconsciente e da religião. Apesar de sentir que pecado, punição e inferno são ainda muito presentes em mim, feito gado marcado com ferrete. É o que faz eu manter minha integridade física. Só então vejo que o que me torturou por tantos anos, é o que me mantém neste mundo; é como uma espécie de reciclagem do lixo psíquico. No fim, somos obrigados a amar algo na vida para permanecer nela.

Heleninha.

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