segunda-feira, 22 de julho de 2013

Amar a mais.

O relógio marca quase 3 da manhã e eu precisava já ir dormir, mas inventei aqui de reler meu diário deste ano (sim, 2013 quase 2014 e eu ainda faço diários) e agora estou aqui ouvindo a música Gimme Sympathy do Metric ininterruptamente, relendo, relembrando as coisas e me perguntando sobre o que teria acontecido se eu tivesse cedido aos meus impulsos iniciais. Será que ele estaria aqui agora comigo ou será que tudo não passaria da mesma sombra enevoa e cinza que paira na minha cabeça? Quem sabe? A verdade é que sempre pode piorar..

Já é final de julho e eu ainda tenho sonhos e pesadelos com isso, com essa mesma pessoa.. que fixação! Não sei o que vi de tão extraordinário nele, além do seu gosto literário, da sua visão de mundo, da sua cultura, da sua forma de escutar música, de sua paixão pelo jazz, e pelo fato de ter os mesmos objetivos de vida do que eu. Por que, Platão? Por que o mundo das ideias nos é tão atraente? O que vemos lá que nos atrai tanto? Tenho medo de ser apenas um reflexo de Narciso... O problema do reflexo de Narciso é que no final era ele mesmo e a sua tragédia se deu por se amar demais. Será que sou tão narcisística ao ponto de amar alguém embasado em traços próprios? Que loucura isso, acho que eu já estou divagando demais. Creio que seja melhor eu ir dormir.

A única coisa que eu queria era superar isso, queria muito superar esse ideal (porque nada mais restou do que o ideal montado na minha cabeça, não é uma pessoa real. Não dessa perspectiva ao menos), porque esse ideal me tortura muito...
As pessoas que se aproximam nunca chegam nem perto do que é montado na minha cabeça.

E por hora é isso, fiquem com esse poema do Menotti Del Picchia:

"Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre...
Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida
é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida...
Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito
é o mesmo que cravar uma faca no peito.
Esta vida é um punhal com dois gumes fatais:
não amar é sofrer; amar é sofrer mais"!


Paola.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Notas de inverno sobre impressões de verão.

Por que? Por que isso tudo de novo? Por que não consigo me bastar? Por que tenho que continuar sendo uma eterna romântica?

Acho engraçada a vida.. quando parece que você conseguiu algo que parecia tão perto do que se almejava, parece que não tem graça. Depois de relutar algum tempo e pensar, e avaliar também, você percebe que realmente não era aquilo que você esperava que fosse e se joga de novo naquele ciclo que você jurou que nunca mais voltaria.

O engraçado é que, depois de algum tempo, e depois do ceticismo ter praticamente tomado conta de você, você começa a se apegar de novo em qualquer fiapo de esperanças que lhe dão. Esperanças de que não, você não está sozinha; mas na hora de ir dormir, é a sua cabeça, de novo, sozinha, que está lá. E você tenta se conformar então dizendo para si mesma que é melhor ter calma mesmo, que algo melhor virá para você. E o ciclo se repete novamente frente a qualquer amostra ou migalha de carinho que se segue.

Estava lendo um livro esses dias, do Sartre (o existencialismo é uma porrada na cara de quem se sente solitário) e Antoine Roquetin me compreende perfeitamente:

"É isso então o que me espera? Pela primeira vez me incomoda estar só. Gostaria de falar com alguém sobre o que está me acontecendo, antes que seja tarde demais, antes que eu comece a assustar os garotinhos. Gostaria que Anny estivesse aqui".

E não é a primeira vez que me corrói as têmporas, mas, de alguma forma, é a primeira vez que faço uma análise concreta sobre ela. A idade está passando, não tenho mais 16 anos (como gostaria de ter novamente), nada é mais tão colorido como costumava ser.. só vejo a frente um futuro de muito trabalho.. mas um trabalho solitário, e para que? Para engrandecer vaidades pessoais? Qual o objetivo maior disso tudo? Pela primeira vez eu posso dizer que, sinceramente, eu não sei..

No mais, eu vou levando.. os dias de inverno são alentadores para a alma, mas não tanto para o coração.

Paola.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Não precisa ir agora...

Fica, ainda nem amanheceu. Coloca a cabeça debaixo do edredom junto comigo, vamos passar o dia aqui. Eu não preciso trabalhar, nem você. Nós podemos fingir que não existe mais nada no mundo. A gente pode ver uns filmes, tudo regado com pipoca e chá gelado. Fica. Eu faço arroz com hambúrguer, ou uma lasanha, se você preferir. Fica, vai, não te custa nada, além de tempo.

Eu posso fazer carinho nas suas costas, na sua cabeça. Eu prometo que lavo a louça e posso até fazer uma massagem nos seus pés. Eu posso arrumar a cama pra gente, ou a gente pode deitar no tapete, tanto faz. Contanto que você fique. Eu sei que você vai ficar, tem aquelas rosquinhas de chocolate no pote de vidro, logo ali, na prateleira da cozinha. Prometo arrumar seu leite com café e seu pão com queijo.

Se você ficar, eu posso encostar você no meu peito e te fazer carinho pra você relaxar. Posso te dar cheirinho, falar com vozinha, tipo de quem está apaixonado. O rock pode esperar. Seus pais podem esperar. Sua ex pode esperar. Nossos amigos, também podem. Fique, só mais 10, 20, 40 minutinhos. Fica, por favor, você é tudo que eu preciso.

Heleninha.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Eu contra o resto do mundo.

Sempre tive dificuldade em tomar partidos, sempre fui a menina do canto que só observa, que não faz julgamento de valores, que sempre pensou que cada um teve suas razões para tomar determinada atitude.
Pois bem, chegou a hora em que a vida me cobrou uma postura, e acho que pela primeira vez eu consegui sair de cima do muro. Mas sair de cima do muro dói, receber o olhar das pessoas dói, sentir o preconceito das pessoas dói... Antes eu gostava apenas de ser uma pessoa invisível, de passar pelos lugares sem ser notada, de apenas sobreviver. Agora não posso mais, agora tomei uma postura e estou do lado que acredito ser o certo.

As implicações de minha escolha são muitas, mas eu sei que a fiz pelo que julguei ser verdadeiramente correto.  Chega de ficar em cima do muro, chega de ser covarde. Agora sou eu contra o resto do mundo, mas sei que minha batalha é perdida.. eu jamais poderei recuperar o brilho de inocência do olhar das pessoas, quiçá nem o meu próprio. Estou tão descrente, que acho que nunca fui tão descrente em toda minha vida.

As pessoas são más, e eu só tenho vontade de me esconder e de esconder os meus dessa podridão toda. Mas não posso, preciso enfrentar, erguer a cabeça e enfrentar. A maioria pode até pensar como nós, mas não será capaz de erguer o dedo e apontar como fizemos. "Elas são loucas e ingratas, eles disseram. Vocês nem pertencem a este lugar.."

Uma hora eles verão que estavam errados? Creio que não, já que a capacidade humana em ser humilde e reconhecer erros é quase inexistente, mas eu gostaria que sim. Quem sabe um dia a vida ensine. Quem sabe eles não virem minoria também e sintam na pele o que é estar contra o resto do mundo.


Paola.

Acontece.

Fui..gostei, me apaixonei.

Via o rosto dela em tudo..
Mandei flores, como fez o Professor Girafales, e ela disse: "Foi mal, mas meu ex é melhor"

...e voltou pra ele.







Paola.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fix you.

Ele me mandou um e-mail dizendo: "estou saudoso de você. Porque você some de mim?". A minha resposta foi a de sempre. E nem poderia ser diferente. O mesmo discurso velho e batido, as mesmas desculpas, o mesmo blá blá blá. Talvez só signifique isso para ele e para o resto do mundo que me lê. Mas eu não sei até que ponto vou aguentar.

"Eu também sinto a sua falta e a sinto com veemência. Mas, realmente, não tenho mais forças para nada. O buraco que eu me enfiei, acho que não tem volta. Nada faz sentido, nada está certo. Eu vivo cansada e não tenho energia. Sei que reclamar não ajuda, só faz me deixar com fama de chata reclamona e é por isso que eu não falo nada. E os dias passam sempre assim, medíocres. Falhei em todas as tentativas de fazer diferença em alguma coisa. Falhei quando tentei ser bem sucedida e etc e tal. Sinto que vou passar a vida toda como estou, trabalhando feito doida e ganhando um salário que mal dá para pagar as contas.
E quando eu digo algo referente ao meu descontentamento geral com o fato de estar viva, as pessoas se assustam! Perguntam 'mas e o relacionamento? Não vai bem?'. Vai, vai sim, vai normal. Ele é ótimo, se eu falar qualquer coisa que não seja isso, estarei mentindo. Mas o ritmo é diferente. Os desejos são díspares. Os objetivos são completamente contrários. E a culpa não é dele. Pelo contrário, ele tem sorte de poder levar a vida como leva. O que não dá pra acontecer é achar que posso ser igual, simplesmente por um motivo: eu não tenho condições. A minha jornada é tripla e a minha energia vital está completamente reduzida. É o fim, não vejo outra solução.
Quanto aos amigos, ótimos amigos que tenho, não poderia ter melhores. Querem me proteger do mundo, mas não sabem que a degradação vem de dentro de mim. Não adianta eu meter o pé em tudo, brigar com o mundo se a destruição é interna. São situações diferentes. Eles estão errados? NÃO! São só “sortes” diferentes. Se eu meter o pé em tudo, o que me resta?
A cobrança é exacerbada, por todos os lados. Quando o meu celular toca, me dá desespero, porque eu sei que é problema. Ninguém me liga pra dar uma solução, ou pra dizer parabéns ou obrigada. Não que eu queira isso, ou que faça diferença, mas a aversão que eu peguei de celular é difícil explicar.
E é por isso que eu sumi, porque sou igual bicho açoitado que rosna e entra na toca. Você conhece".

A resposta dele: "é, eu bem conheço".

Heleninha

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Metade.

Nada poderia me definir melhor, apesar de ser clichê. Impossível ver esse vídeo e ficar sem chorar. E quem disse que quero ficar sem chorar? Preciso das lágrimas para sentir que ainda estou viva, porque metade de mim já morreu e a outra está em estado terminal.

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito, não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza.
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas, como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso, mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Heleninha.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Drive your car, live your life.

No começo da semana passada pensava sobre a relação de como as pessoas dirigem seus carros e como dirigem suas vidas. É tão parecido. Uma pessoa afobada no trânsito, tem um perfil. Uma pessoa mais desatenta, tem outro perfil, completamente diferente. Como você lida com o mundo quando está atrás de um volante, é mais ou menos como você lida com sua vida, de um modo geral.

O que me motivou a pensar sobre foi uma leve batida que eu dei numa moto. Olhando meu histórico de acidentes envolvendo terceiros, foi a primeira vez. E, partindo do princípio de que nada (N.A.D.A) acontece ao acaso, porque ali? Porque aquele dia? Porque aquela moto? Porque aquele cruzamento? - que eu sempre tive medo, diga-se de passagem. Qual a relação da música que eu escutava com a batida? Quais eram meus sentimentos na hora em que o fato aconteceu?

Depois disso, em menos de duas semanas de diferença, bati e entortei a mesma roda duas vezes. Porque a mesma roda? Qual a razão de ser protagonista de três pequenos "acidentes" em tão pouco tempo? O que meu inconsciente quer me dizer?

A depressão existe, ela está me cercando o tempo todo. Isso eu nunca neguei. Vem sorrateira, sorridente, de braços abertos, como quem dissesse: "venha aqui, vamos nos entrelaçar e dançar a dança da morte". E aí não posso não me lembrar de Estamira, quando diz: "a minha depressão é imensa, a minha depressão não tem cura". Micro suicídios, leves acidentes que só pesam no bolso, lacerações pelo corpo o tempo todo.

Mas isso é igual traição, sempre tem um momento que você decide ir ou não. O momento da escolha sempre existe. Você pensa em todos os prós e contras da sua relação e decide que se embolar com outra pessoa, porque isso te dá mais prazer do que seu companheiro (a). Ah, o momento da escolha, sempre ele, onde você vê que já passou dos limites da brincadeira e sabe que terá que decidir ser infiel ou não. Na depressão você pesa os prós e contras da sua self-relação e escolhe se é melhor manter-se fiel a você mesmo ou se entregar.

Meta até o meio do ano, voltar para a terapia. Aceitar a minha solidão Instável. Procurar a verdade e tomar a dose dela que me cabe. Espero que até lá eu não tenha morrido, sem querer.

Heleninha

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Brasília, o que mais você quer de mim?

Eu não tenho religião. Nada que me faça ter obrigação me agrada. Ter que ir à igreja, ter que fazer oferenda para entidades, ter compromisso com um ser imaginário. Não entra na minha cabeça. Apesar disso, algumas coisas acontecem comigo e eu não sei explicar de forma racional. Entretanto, sempre acredito que tudo teria uma explicação científica ou psicológica e acaba o tempo para tentar entender porque tenho que trabalhar, ou lavar a roupa, ou limpar a casa, ou ir ao mercado, enfim.

Esses dias, me peguei pensando sobre Brasília. Na minha relação com esta cidade há mais de 10 anos. Me fez levantar a hipótese de que, talvez, eu seja a reencarnação de algum político corrupto e esteja encarnada pagamento meus pecados. Só pode.

Brasília na minha vida entra em 2002, quando eu tinha 14 anos. Estava no primeiro ano do ensino médio e coloquei na minha cabeça que queria fazer engenharia na UnB. Sem outra explicação, porque não escolher São Paulo, Florianópolis, ou até minha cidade mesmo? Não, eu queria Brasília. E ia para lá duas vezes ao ano, fazer o processo seletivo.

Em dezembro de 2003 tive a minha primeira grande decepção amorosa em Brasília. Na véspera do meu aniversário de 16 anos, ele disse: "eu só te queria aqui em Brasília, não vou mais te querer quando a gente voltar para nossa cidade. Para de achar que você é minha mãe". Filho da puta. Quem ele achava que era pra não me querer mais? Demorei uns 6 meses pra me recuperar.

Em 2004 passei no vestibular, aqui e em Brasília, mas não pude ir, minha mãe (sempre ela) não deixou. Ela dizia: "NUNCA VOU DEIXAR VOCÊ COM 17 ANOS SOZINHA EM BRASÍLIA, JÁ NÃO TEM NADA NA CABEÇA, VAI SE PERDER". O que ela não via é que eu já havia me perdido, há anos, bem embaixo de seu nariz. Enfim.

Brasília ficou adormecida, até maio 2007, quando minha irmã me disse: "tá sabendo que o pai vai se mudar pra Brasília? Ele foi transferido". Nem acreditei, meu pai não havia me dito nada, com certeza era mentira. Mas não era. Ele não teve coragem de me dizer, pediu pra minha irmã fazer. Em julho de 2007 ele foi embora. Eu fiquei, sozinha, sem muito rumo. Era uma manhã de sábado, ele colocou algumas roupas no porta-malas - não levou nada além disso, beijou minha testa e disse: "dá um jeito nas minhas coisas, venda o que der e se desfaça do resto". Cuidei de tudo e arrumei o apartamento para ser alugado.

Em janeiro de 2008 fui para Brasília ver meu pai e terminei meu noivado. Foi também em Brasília, junho de 2008, que resolvi voltar com meu ex-noivo, que decisão infeliz. Todas as minhas histórias em Brasília envolvem: abandono, erros e infidelidade.

A última vez que pisei meus pés naquela cidade, foi no meu aniversário de 24 anos. Dia 9 de dezembro de 2011, desembarquei no aeroporto com um vestido rodado azul e um sapato baixo bege, senti o vento seco e um tanto fresco. A sensação era de alívio e um leve desconforto estomacal por conta do porre de tequila que eu havia tomado na véspera. Em 8 dias meu pai voltaria de lá para nossa cidade e todo sofrimento estaria acabado. Meu pai voltou, dia 17 de dezembro de 2011. Pensava que minha história com essa cidade já tinha se encerrado.

Agora, em fevereiro de 2013, Brasília voltou. Querendo devorar minha carne e triturar meus ossos outra vez. Furar meus olhos e esmagar meus joelhos. Moer meu coração e dilacerar minha pele. Me jogar de um lado para o outro, me violentar, me tirar a paz, me fazer chorar. A cidade que foi construída sobre o suor dos nordestinos, para ser sede da corrupção, jogou o verde triste do cerrado em meus olhos, para sempre.

"No princípio era o ermo: Eram antigas solidões sem mágoa.
O altiplano, o infinito descampado.
No princípio era o agreste: O céu azul, a terra vermelho-pungente
E o verde triste do cerrado.
Eram antigas solidões banhadas de mansos rios inocentes 
Por entre as matas recortadas". 
Vinícius de Moraes - Brasília, Sinfonia da Alvorada

Heleninha

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Você tenta em vão me convencer que é melhor não fazer planos pra você

Ele veio e me desnudou. Eu estava ao seu lado e o beijei. Ele nunca disse que ficaria ao meu lado, mas eu deduzi. E deduzi errado. Na verdade, eu sabia, desde o princípio, mas fiz questão de me enganar, só por diversão.

E daí me prendi, eu mesma me amarrei com as próprias mãos. Fiz aquele tal de nó de marinheiro, é esse que nunca se desfaz? Eu me ludibriei pelo simples fato de querer. Brinquei com a sorte e com meu coração, mais uma vez. Coloquei na cabeça que teria alguém para dividir minhas dores, traumas, alegrias, ansiedades, desejos, TPM, tesão, vontade de comer chocolate e etc... Mesmo sabendo que quem eu escolhia, não gostaria de dividir nada comigo. Ele já havia me dito isto, n vezes. Tanto com palavras diretas, como com atitudes. "Você depende muito de mim", é, dependo.

Isso não tem nada a ver com amor, só com vontade. Tanto o amei sem tê-lo ao lado. Pensando bem, considerando que o amor verdadeiro significa renúncia, pergunto-me se já não é hora de renunciar a ele, em consideração ao meu amor e para respeitá-lo em seus desejos.

Geralmente eu faço assim. Eu planejo sua vida e você tem que seguir, ok? O defeito que mais odeio no meu pai, eu tenho. Planejei a nossa relação nos mínimos detalhes e realmente gostaria que tudo acontecesse. Mas não vai, apesar de eu ter certeza que seria o melhor pra mim.

Isso tudo acontece por uma única razão: sou prepotente o suficiente para achar que poderia mudar as vontades de outra pessoa que não eu.

Heleninha